A rinite alérgica é uma condição inflamatória da mucosa nasal, frequentemente causada por reações a alérgenos. Ela se manifesta em duas formas principais: rinite alérgica sazonal e rinite alérgica perene. Ambas compartilham sintomas semelhantes, como espirros, coriza, congestão nasal e prurido, mas diferem significativamente em seus desencadeantes e na duração dos sintomas.
Nesta matéria, o Dr. Paulo Augusto de Souza Vichi Jr, otorrinolaringologista do INOF, explora as características, causas, diagnósticos e tratamentos de cada tipo de rinite. Acompanhe!
Rinite Alérgica Sazonal
Definição e Causas:
A rinite alérgica sazonal, também conhecida como febre do feno, é desencadeada por alérgenos presentes em determinadas épocas do ano. Esses alérgenos incluem pólen de árvores, gramíneas e ervas daninhas. Durante a primavera, por exemplo, o pólen das árvores é mais prevalente, enquanto no verão e no outono, as gramíneas e as ervas daninhas, respectivamente, são os principais culpados.
Sintomas:
Os sintomas típicos da rinite sazonal incluem:
- Espirros frequentes.
- Coriza aquosa.
- Congestão nasal.
- Prurido no nariz, olhos e garganta.
- Lacrimejamento e olhos vermelhos.
Os sintomas tendem a surgir durante a exposição aos alérgenos sazonais e podem variar em intensidade ao longo do dia, muitas vezes piorando ao ar livre e melhorando em ambientes fechados.
Diagnóstico:
O diagnóstico é baseado na história clínica do paciente e pode ser confirmado por testes de alergia, como o teste cutâneo ou exames de sangue que identificam anticorpos específicos para os alérgenos sazonais.
Tratamento:
O tratamento da rinite sazonal inclui:
Medicações Antialérgicas: Antihistamínicos, corticosteroides nasais e descongestionantes são comumente prescritos para controlar os sintomas.
Imunoterapia: Em casos graves, a imunoterapia (vacinas para alergia) pode ser recomendada para dessensibilizar o paciente aos alérgenos específicos.
Medidas Preventivas: Evitar a exposição aos alérgenos, como manter janelas fechadas durante a temporada de pólen, usar filtros de ar e lavar frequentemente as roupas usadas ao ar livre.
Rinite Alérgica Perene
Definição e Causas:
A rinite alérgica perene, por outro lado, ocorre durante todo o ano e é desencadeada por alérgenos presentes continuamente no ambiente. Os alérgenos mais comuns incluem ácaros da poeira doméstica, pelos de animais, mofo e baratas.
Sintomas:
Os sintomas da rinite perene são semelhantes aos da rinite sazonal, mas tendem a ser mais persistentes e menos intensos. Eles incluem:
- Congestão nasal contínua.
- Coriza crônica.
- Espirros frequentes.
- Prurido nasal constante.
- Tosse e irritação na garganta.
Como esses sintomas estão presentes ao longo do ano, podem levar a complicações como sinusite crônica e otite média.
Diagnóstico:
Assim como na rinite sazonal, o diagnóstico é feito com base na história clínica e pode ser confirmado por testes de alergia. No entanto, é importante considerar a possibilidade de múltiplos alérgenos perenes contribuírem para os sintomas, o que pode requerer uma abordagem mais abrangente nos testes.
Tratamento:
O tratamento da rinite perene é similar ao da sazonal, com algumas particularidades:
Medicações Antialérgicas: Uso contínuo de anti-histamínicos por períodos mais longos em casos moderados-graves e resistentes (remédios indicados para aliviar os sintomas e controlar quadros de reações alérgicas) e corticosteroides nasais.
Medidas de Controle Ambiental: Redução da exposição aos alérgenos domésticos, como uso de capas antiácaro em colchões e travesseiros, limpeza frequente com aspiradores de pó com filtros HEPA, e controle da umidade para evitar mofo.
Imunoterapia: Pode ser indicada para alérgenos perenes específicos, com o objetivo de reduzir a sensibilidade do paciente.
Tratamentos Inovadores para Rinite Alérgica Sazonal e Perene
A rinite alérgica, tanto sazonal quanto perene, continua a ser um desafio significativo para muitos indivíduos. No entanto, avanços recentes têm introduzido tratamentos inovadores que oferecem esperança para um controle mais eficaz dos sintomas. Além disso, é importante compreender quem está mais suscetível a essas condições para uma abordagem preventiva mais direcionada. Alguns destes tratamentos são:
1. Imunoterapia Sublingual (SLIT): A imunoterapia sublingual é uma forma moderna de tratamento que envolve a administração de extratos alérgenos em forma de comprimidos ou gotas sob a língua. Este método tem mostrado ser eficaz na redução dos sintomas de rinite alérgica e na prevenção de novas sensibilizações. Ao contrário das tradicionais injeções de imunoterapia, a SLIT é menos invasiva e pode ser administrada em casa.
2. Biológicos (Anticorpos Monoclonais): Os medicamentos biológicos são uma classe emergente de tratamentos que atuam bloqueando a IgE, um anticorpo envolvido na resposta alérgica. Estudos têm mostrado que esses medicamentos podem reduzir significativamente os sintomas e a necessidade de outras medicações em pacientes com rinite alérgica grave. Em adultos tem possibilitado o controle da inflamação crônica, reduzindo significativamente o tamanho e a recorrência de novos pólipos, melhorando os sintomas nasais e, consequentemente, a qualidade de vida desses indivíduos.
3. Modificadores de Alérgenos: Pesquisas estão em andamento para desenvolver vacinas de DNA e RNA que possam modificar a resposta imunológica aos alérgenos. Esses tratamentos têm o potencial de oferecer uma solução de longo prazo, reprogramando o sistema imunológico para ser menos reativo aos alérgenos comuns.
4. Terapia de Luz (Fototerapia Nasal): A fototerapia nasal envolve a aplicação de luz de baixa intensidade no interior das narinas, visando reduzir a inflamação e os sintomas alérgicos. Estudos preliminares indicam que este tratamento pode ser eficaz para alguns pacientes, proporcionando alívio sem a necessidade de medicamentos diários.
Quem sofre mais com Rinite?
1. História familiar e genética: Pessoas com histórico familiar de alergias estão mais propensas a desenvolver rinite alérgica. A genética desempenha um papel significativo na predisposição a reações alérgicas.
2. Exposição a alérgenos: Indivíduos expostos a altos níveis de alérgenos, como pólen, poeira, mofo e pelos de animais, estão em maior risco. Morar em áreas urbanas com alta poluição também pode aumentar a susceptibilidade.
3. Idade: A rinite alérgica pode ocorrer em qualquer idade, mas é mais comum em crianças e jovens adultos. No entanto, pessoas mais velhas podem desenvolver rinite devido a mudanças no sistema imunológico ou exposição acumulada a alérgenos.
4. Condições médicas subjacentes: Pessoas com outras condições alérgicas, como asma, dermatite atópica e conjuntivite alérgica, têm maior probabilidade de desenvolver rinite alérgica. Essas condições muitas vezes coexistem, exacerbando os sintomas e complicando o manejo.
5. Fatores ambientais e estilo de vida: Fatores como tabagismo (ativo e passivo), poluição do ar, e exposição a irritantes químicos podem aumentar o risco de desenvolver rinite alérgica. Além disso, a dieta e o estilo de vida, incluindo níveis de atividade física e estresse, também podem influenciar a susceptibilidade.
Considerações
O Dr. Paulo Augusto de Souza Vichi Jr. salienta que embora a rinite alérgica, seja sazonal ou perene, possa causar desconforto significativo, a identificação precisa do tipo de rinite e dos alérgenos envolvidos é crucial para um manejo eficaz.
Ainda segundo o especialista, a colaboração entre paciente e médico é essencial para o sucesso do tratamento, que muitas vezes envolve uma combinação de medidas preventivas, medicações e, em alguns casos, imunoterapia.
O entendimento das diferenças entre rinite sazonal e perene permite que os pacientes adotem estratégias específicas para cada tipo, melhorando a qualidade de vida e minimizando os impactos dos sintomas no dia a dia.
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