Uma perspectiva integrada para o cuidado da mulher
O Outubro Rosa é mundialmente reconhecido como o mês dedicado à conscientização sobre o câncer de mama, promovendo o diagnóstico precoce e o tratamento adequado. Entretanto, os impactos dessa doença vão além do câncer em si, afetando diversas áreas da saúde das mulheres.
A otorrinolaringologia e a medicina do sono têm um papel importante nesse cuidado integral, contribuindo para a qualidade de vida de pacientes durante e após o tratamento.
Dr. Paulo Augusto Vichi Jr., especialista em medicina do sono e otorrinolaringologia do INOF e INOF JK, destaca a importância de abordar os efeitos colaterais do câncer de mama que podem impactar essas especialidades e como um acompanhamento multidisciplinar pode fazer a diferença na jornada dessas pacientes.
Problemas de sono relacionados ao Câncer de Mama
Uma das principais consequências enfrentadas pelas pacientes durante e após o tratamento de câncer de mama são os distúrbios do sono, como insônia, fragmentação do sono e até apneia obstrutiva do sono. Dr. Paulo Vichi observa que a privação de sono nessas pacientes está frequentemente ligada a múltiplos fatores: “O estresse emocional causado pelo diagnóstico, a ansiedade quanto ao tratamento e as mudanças físicas, como dor e desconforto após a cirurgia ou radioterapia, afetam diretamente a qualidade do sono.”
Além disso, tratamentos como a quimioterapia e a hormonioterapia, utilizados em muitos casos de câncer de mama, podem induzir alterações no sono. Insônia e fadiga extrema são efeitos comuns, e é aqui que a medicina do sono entra com estratégias terapêuticas que ajudam a minimizar esses impactos. O acompanhamento especializado pode incluir desde mudanças comportamentais e de higiene do sono até a avaliação de dispositivos para a apneia, quando necessário.
Alterações Hormonais e a Apneia do Sono
Muitas mulheres diagnosticadas com câncer de mama enfrentam a menopausa precoce induzida pelos tratamentos ou, em alguns casos, já estão na pós-menopausa. Essa mudança hormonal pode predispor as pacientes a uma série de distúrbios do sono, incluindo a apneia obstrutiva do sono. “Estudos têm demonstrado que as alterações hormonais que ocorrem durante a menopausa, como a diminuição dos níveis de progesterona e estrogênio, podem estar associadas ao aumento do risco de apneia do sono, especialmente em mulheres com sobrepeso ou obesidade”, explica Dr. Paulo Vichi.
A apneia do sono é caracterizada pela interrupção repetida da respiração durante o sono, o que resulta em sono fragmentado e baixa oxigenação no corpo. Esse problema é ainda mais crítico em pacientes com câncer de mama, que já enfrentam exaustão e baixa qualidade de vida. “A polissonografia domiciliar, um exame que monitora o sono, pode diagnosticar essas condições, e tratamentos como o uso de CPAP (pressão positiva contínua nas vias aéreas) ou mudanças no estilo de vida podem ser implementados para aliviar os sintomas e melhorar o bem-estar dessas pacientes”, afirma o especialista.
Efeitos colaterais dos tratamentos na saúde otorrinolaringológica
Além dos impactos diretos no sono, o tratamento do câncer de mama pode acarretar efeitos colaterais que afetam a saúde otorrinolaringológica. Pacientes submetidas à quimioterapia ou radioterapia podem desenvolver mucosite oral, uma condição dolorosa caracterizada pela inflamação da mucosa da boca, ou xerostomia (boca seca), que pode afetar o paladar e a capacidade de alimentação.
Segundo Dr. Paulo Vichi, esses sintomas requerem cuidados especializados para aliviar o desconforto e evitar complicações, como infecções secundárias.
Outra complicação possível é a rouquidão ou mudanças na voz, muitas vezes causadas pela irritação da laringe, especialmente em pacientes que fazem uso de terapias hormonais ou que enfrentam inflamações nas vias aéreas superiores durante o tratamento. “A avaliação e o acompanhamento otorrinolaringológico nessas situações podem prevenir o agravamento desses sintomas e garantir que o paciente mantenha a qualidade de vida durante o tratamento”, explica o otorrinolaringologista.
A importância do cuidado multidisciplinar
A abordagem de cuidados de saúde para mulheres com câncer de mama deve ser multidisciplinar, e a integração de especialistas em otorrinolaringologia e medicina do sono é crucial para garantir uma qualidade de vida holística. Além de tratar o câncer, é necessário abordar os impactos físicos e emocionais que afetam outras áreas do corpo.
Segundo Dr. Paulo Vichi, “pacientes com câncer de mama não podem ser vistas apenas como portadoras de uma doença, mas como indivíduos que enfrentam múltiplos desafios de saúde durante o tratamento. O papel da medicina do sono e da otorrinolaringologia é oferecer suporte adicional, melhorando não apenas os sintomas físicos, mas também o bem-estar geral e a recuperação”.
Dicas para melhorar a qualidade do sono durante o tratamento
Dr. Paulo Vichi Jr. compartilha algumas dicas que podem ajudar mulheres em tratamento de câncer de mama a melhorar a qualidade do sono:
- Higiene do Sono: Manter uma rotina regular de sono e evitar estímulos intensos antes de dormir pode fazer a diferença.
- Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) para Insônia: Essa abordagem tem sido eficaz para mulheres que sofrem de insônia relacionada ao câncer.
- Exercícios Físicos: Atividades leves, como caminhadas, podem ajudar a aliviar a ansiedade e melhorar o sono.
- Terapias Relaxantes: Técnicas de relaxamento, como meditação e yoga, são boas aliadas para reduzir o estresse.
- Acompanhamento Médico: Procurar um especialista em medicina do sono para avaliação e possível tratamento de apneia do sono, quando necessário.
O Outubro Rosa nos lembra da importância do diagnóstico precoce e do tratamento adequado do câncer de mama, mas também nos alerta para a necessidade de uma abordagem de saúde ampla, que aborde todos os aspectos da vida das pacientes. A otorrinolaringologia e a medicina do sono, como parte desse cuidado multidisciplinar, desempenham um papel fundamental para que as mulheres enfrentem essa jornada com o melhor suporte possível.
Passar por uma avaliação com um otorrinolaringologista e especialista em medicina do sono, como o Dr. Paulo Augusto Vichi Jr. é essencial para garantir que esses aspectos complementares da saúde sejam adequadamente gerenciados, proporcionando mais conforto e qualidade de vida para as pacientes.
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