Doença do Refluxo Gastroesofágico e problemas na garganta

Sintomas, prevenção e quando procurar ajuda

O refluxo gastroesofágico (DRGE) é uma condição comum que ocorre quando o ácido do estômago retorna para o esôfago, podendo atingir a garganta e causar sintomas desconfortáveis.

Quando esse ácido chega à região da laringe e faringe, ocorre o chamado refluxo laringofaríngeo (RLF), uma condição que pode impactar diretamente a voz, a respiração e a qualidade de vida.

Nesta matéria, o Dr. Paulo Bedê Miranda, otorrinolaringologista do INOF aborda como o refluxo afeta a garganta, principais sintomas, quando procurar um especialista e fornece algumas dicas para aliviar e prevenir o refluxo. Boa leitura!

Como o refluxo afeta a garganta?

O ácido do estômago é essencial para a digestão, mas quando alcança áreas sensíveis como o esôfago e a garganta, pode causar inflamação e danos nos tecidos.

O RLF ocorre porque o esfíncter esofágico não impede completamente o retorno do ácido, o que resulta em sintomas incômodos e, se não tratado, pode levar a complicações.

Quem sofre mais de refluxo?

O refluxo gastroesofágico pode afetar qualquer pessoa, mas alguns grupos são mais propensos a desenvolver a condição devido a fatores anatômicos, hormonais e comportamentais. Veja quem sofre mais com refluxo e por quê:

1. Pessoas com Sobrepeso ou Obesidade

O excesso de peso aumenta a pressão sobre o estômago, facilitando o retorno do ácido para o esôfago. O acúmulo de gordura abdominal é um fator de risco significativo.

2. Grávidas

Durante a gravidez, os hormônios relaxam o esfíncter esofágico inferior, permitindo que o ácido suba com mais facilidade. Além disso, o crescimento do útero pode comprimir o estômago.

3. Idosos

Com o envelhecimento, o funcionamento do esfíncter esofágico inferior pode se tornar menos eficiente, aumentando as chances de refluxo. Além disso, idosos podem usar mais medicamentos que relaxam esse músculo.

4. Pessoas com Hérnia de Hiato

A hérnia de hiato ocorre quando parte do estômago se desloca para o tórax através do diafragma, dificultando a contenção do ácido gástrico.

5. Indivíduos com Maus Hábitos Alimentares

Deitar logo após uma refeição, mesmo que seja só por 20 minutinho após o almoço! Após a refeição temos estímulo para produção de ácido no estômago para a digestão. Neste momento, se nos deitamos, facilitamos que este ácido suba pelo esôfago até a laringe.

Além disso, o consumo abusivo de alimentos gordurosos, ácidos, café, refrigerantes, álcool e alimentos ultraprocessados pode relaxar o esfíncter esofágico, facilitando o refluxo.

6. Fumantes

A nicotina relaxa o esfíncter esofágico inferior e reduz a produção de saliva, que ajuda a neutralizar o ácido no esôfago.

7. Pessoas com Estresse Crônico

O estresse pode aumentar a produção de ácido gástrico e alterar o funcionamento do trato digestivo, tornando o refluxo mais frequente.

Principais sintomas do refluxo na garganta

Os sintomas do refluxo podem variar de pessoa para pessoa, mas alguns sinais comuns incluem:

  • Rouquidão ou voz fraca: A exposição à acidez pode irritar as cordas vocais, afetando a qualidade da voz.
  • Sensação de bolo na garganta: Muitas pessoas relatam a impressão de um corpo estranho na garganta.
  • Tosse seca persistente: O contato do ácido com a laringe pode estimular a tosse, especialmente à noite.
  • Dor ou irritação na garganta: A sensação de queimação pode ser mais intensa ao acordar.
  • Pigarro frequente e necessidade de limpar a garganta: A irritação constante leva à produção excessiva de muco.

Se você se encaixa em algum desses grupos e apresenta sintomas persistentes, o ideal é procurar um especialista para avaliação e tratamento.

Quando procurar um médico?

Nem sempre um episódio isolado de refluxo requer atenção médica, mas se os sintomas forem frequentes ou persistirem por mais de duas semanas, é fundamental buscar um especialista. Otorrinolaringologistas e gastroenterologistas são os profissionais indicados para diagnosticar e tratar a condição.

Se não tratado adequadamente, o refluxo pode levar a complicações, como:

  • Laringite crônica.
  • Desenvolvimento de nódulos vocais.
  • Inflamações recorrentes na garganta.
  • Em casos extremos, aumento do risco de câncer de esôfago.

Dicas para aliviar e prevenir o refluxo

Algumas mudanças nos hábitos diários podem ajudar a controlar os sintomas do refluxo e evitar complicações futuras. Confira algumas estratégias eficazes:

Alimentação Adequada

  • Evite alimentos ácidos, condimentados, gordurosos e cafeína, pois podem agravar a acidez.
  • Consuma refeições menores e mais frequentes para evitar sobrecarregar o estômago.
  • Evite bebidas gaseificadas, chocolate e alimentos ultraprocessados, que podem relaxar o esfíncter esofágico inferior.

Hábitos Saudáveis

  • Não deite logo após as refeições; espere pelo menos duas horas antes de se deitar.
  • Eleve a cabeceira da cama em torno de 15 cm para evitar que o ácido suba durante o sono.
  • Reduza o consumo de álcool e evite o cigarro, pois ambos contribuem para o relaxamento do esfíncter esofágico.
  • Mantenha um peso saudável, pois o excesso de peso pode aumentar a pressão sobre o estômago, favorecendo o refluxo.

Mudanças no Estilo de Vida

  • Controle o estresse, pois ele pode aumentar a produção de ácido no estômago.
  • Hidrate-se adequadamente para ajudar na digestão e evitar a irritação da mucosa.

O refluxo pode impactar significativamente a qualidade de vida se não for tratado. Se você apresenta sintomas persistentes ou frequentes, é essencial buscar um diagnóstico preciso para evitar complicações. Consulte um especialista para avaliar seu quadro e encontrar o melhor tratamento para seu caso.

Dr. Paulo Bedê Miranda reforça que a prevenção e o acompanhamento médico são fundamentais para garantir a saúde da garganta e do sistema digestivo. Cuide-se e fique atento aos sinais do seu corpo!


Publicado

em

por

Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *