O ronco é um fenômeno comum que afeta milhões de pessoas em todo o mundo, ocorre em cerca de 44% dos homens e 28% das mulheres na população adulta entre 30 e 60 anos. No Brasil, segundo uma pesquisa da Associação Brasileira do Sono, 40% da população adulta sofre com o ruidinho – ou ruidão, em alguns casos.
Embora muitas vezes seja visto como apenas um incômodo, o ronco pode ser um sintoma de condições de saúde subjacentes mais sérias, como a Síndrome da Apnéia Hipopneia Obstrutiva do Sono.
Neste artigo, vamos explorar os fatores que contribuem para o ronco, com foco especial nas obstruções das vias respiratórias superiores, apoiando-nos em dados científicos e na experiência do Dr. Paulo Augusto S. Vichi Jr., médico otorrinolaringologista e especialista em Medicina do Sono do INOF JK.
A Natureza do Ronco
O ronco é definido como o som produzido durante o sono devido à vibração das estruturas nas vias aéreas superiores, incluindo o pálato mole. Essa vibração é causada pela passagem de ar através de vias aéreas estreitadas ou obstruídas, resultando em uma resistência ao fluxo de ar. Embora qualquer pessoa possa roncar ocasionalmente, certos fatores aumentam significativamente a probabilidade de uma pessoa roncar regularmente.
A SleepUp realizou, em novembro de 2023, uma pesquisa com mais de 2400 participantes sobre os desafios associados ao ronco.
A pesquisa traz o ronco como um desafio importante para a população brasileira. Os números são impactantes: 48,7% admitiram roncar, 37,4% afirmaram não roncar, e 13,8% ficaram na dúvida se roncavam ou não. Contudo, o mais alarmante são os efeitos colaterais, onde declararam que 36,2% acordam cansados praticamente todos os dias, 36,6% enfrentam fadiga diária, e 26,2% já admitiram ter cochilado ao dirigir, evidenciando riscos potenciais à segurança.
Apesar da alta taxa de pessoas que roncam no país, a polissonografia, exame principal para diagnosticar distúrbios do sono, se mostrou subutilizada no levantamento, com 70,9% dos entrevistados nunca tendo recebido indicação para realizá-la. Mais da metade (51,53%) não a realizou, alegando não precisar. Outros 35,29% não a realizaram, mas reconheciam sua importância.
Apesar da baixa adesão à polissonografia, a pesquisa identificou que sua indicação é, muitas vezes, crucial na identificação das causas do ronco, possibilitando a indicação de tratamentos personalizados de acordo com cada caso e diagnóstico. Após o exame, 67,4% dos nossos entrevistados foram diagnosticados com apneia e 74,2% iniciaram algum tipo de tratamento, incluindo CPAP (48,4%), aparelho intraoral (35,2%) e cirurgia corretiva (23%).
Fatores
Apneia obstrutiva do sono – Nem todo mundo que ronca tem a Síndrome da Apnéia Hipopneia Obstrutiva do Sono (SAHOS), mas a maioria das pessoas com SAHOS ronca. É um distúrbio respiratório comum relacionado ao sono que frequentemente não é diagnosticado. É marcada por lapsos repetidos na respiração durante o sono devido ao colapso parcial ou total das vias aéreas. Pessoas com Apnéia do sono, tendem a roncar alto com períodos de silêncio enquanto a respiração para. Quando eles voltam a respirar, pode parecer uma respiração ofegante.
A SAHOS está associada a resultados adversos para a saúde, como depressão, hipertensão e doenças cardíacas. Pode comprometer a qualidade do sono e provocar sonolência excessiva durante o dia que pode causar acidentes ao dirigir ou no trabalho.
Felizmente, o tratamento da SAHOS pode resolver os sintomas com sucesso e reduzir o risco de efeitos nocivos à saúde. O tratamento para SAHOS inclui o uso de dispositivos de pressão positiva contínua nas vias aéreas (CPAP), mudanças no estilo de vida, dispositivos odontológicos e cirurgia.
Obesidade: A obesidade é um fator de risco significativo para o ronco. O acúmulo de gordura ao redor do pescoço pode comprimir as vias aéreas, aumentando assim a probabilidade de obstrução durante o sono.
Anatomia das Vias Aéreas Superiores: Algumas pessoas têm uma anatomia das vias aéreas superiores que as torna mais propensas ao ronco. Isso pode incluir um palato mole alongado, úvula grande, amígdalas aumentadas ou desvio de septo nasal.
Consumo de Álcool e Sedativos: O consumo de álcool e sedativos relaxa os músculos da garganta, aumentando o colapso das vias aéreas superiores e, consequentemente, o ronco.
Idade: O envelhecimento está associado a mudanças na estrutura e função dos tecidos da garganta, tornando as pessoas mais velhas mais propensas ao ronco.
Posição do Sono: Dormir de costas ou de barriga para cima pode aumentar a probabilidade de ronco, uma vez que esta posição favorece o colapso das vias aéreas superiores.
Fumo: O tabagismo pode levar à inflamação e irritação das vias aéreas, aumentando o risco de ronco.
As obstruções nas vias respiratórias desempenham um papel fundamental no desenvolvimento e na intensidade do ronco. Quando as vias aéreas superiores estão parcialmente bloqueadas, o ar flui mais rapidamente, causando vibrações nos tecidos moles, o que resulta no som característico do ronco.
O Dr. Paulo Augusto salienta que é “essencial submeter-se a uma avaliação médica adequada se o ronco for persistente ou acompanhado de outros sintomas, como sonolência diurna excessiva, dificuldade de concentração ou irritabilidade”. O otorrinolaringologista pode realizar uma avaliação completa das vias aéreas superiores e recomendar o tratamento adequado com base na causa subjacente do ronco.
O especialista deve indicar a Polissonografia Domiciliar – WatchPAT que é um dispositivo portátil para diagnóstico de distúrbios do sono e da Síndrome da Apneia Obstrutiva do Sono – SAOS.
Tratamentos
Os tratamentos para o ronco variam dependendo da causa subjacente e da gravidade do problema. Eles podem incluir:
Mudanças no Estilo de Vida: Perda de peso, evitar álcool e sedativos antes de dormir, dormir de lado em vez de nas costas e parar de fumar podem ajudar a reduzir o ronco.
Dispositivos ORTODÔNTICOS: Dispositivos como aparelhos intraorais (AIO’s) podem ajudar a manter as vias aéreas abertas durante o sono.
Cirurgia: Em casos graves de obstrução das vias aéreas, pode ser necessária cirurgia para corrigir anormalidades anatômicas, como a remoção das amígdalas ou adenoides, e cirurgias mais avançadas, como Faringoplastia Lateral, alargamento das maxilas e, cirurgia robótica na base da língua (TORS).
O especialista conclui que “o ronco é um problema comum que pode ter um impacto significativo na qualidade do sono e na saúde geral. Embora muitas vezes seja considerado inofensivo, o ronco pode ser um sintoma de condições médicas subjacentes mais sérias, como a Síndrome da Apnéia Hipopneia Obstrutiva do Sono. Portanto, é importante abordar o ronco de forma adequada, com avaliação médica e tratamento adequado, para garantir um sono saudável e restaurador”.
Especialistas em Medicina do Sono estão disponíveis para fornecer orientação e tratamento personalizado para aqueles que sofrem com o ronco e distúrbios relacionados ao sono, por isso, é fundamental procurar ajuda.
No INOF e no INOF JK oferecemos tratamento para o Sono, caso tenha interesse. Entre em contato conosco para saber mais ou agende sua consulta.
Fonte: Dr. Paulo Augusto de Souza Vichi Junior – Otorrinolaringologia e Medicina do Sono – CRM 87.999 / RQE Médico do Sono 822031 / RQE Otorrino 822030. Sócio-Diretor INOF – Instituto de Otorrinolaringologia e Fonoaudiologia
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