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Distúrbios da Deglutição ou Disfagia no Idoso

A disfagia, ou dificuldade em engolir, é um problema que afeta uma quantidade significativa da população idosa. Este distúrbio pode levar a complicações sérias, como desnutrição, desidratação e pneumonia por aspiração.

Com o aumento da longevidade e a consequentemente crescente população de idosos, compreender a disfagia, suas causas, como identificá-la, os riscos associados, os tratamentos disponíveis e os avanços recentes na pesquisa se torna cada vez mais relevante.

Segundo o estudo publicado na Revista Brasileira de Geriatria e Gerontologia,  a queixa de disfagia tem expressiva incidência em idosos no âmbito internacional e nacional. Na Europa, pesquisas realizadas mostram que 16% da população de idosos se queixam de algum grau de disfagia. Essa população pode alcançar 60% quando se analisam idosos internados em asilos.

Neste artigo, o Dr. Paulo Bedê Miranda, otorrinolaringologista do INO e INOF JK irá abordar mais sobre a disfagia, diagnóstico e tratamento. Se você ou algum familiar está sofrendo com o problema, continue aqui e boa leitura!

Identificação, riscos, tratamentos e novos estudos

O que é Disfagia?

Disfagia é o termo médico utilizado para descrever a dificuldade em engolir alimentos ou líquidos. A condição pode ser classificada em dois tipos principais: disfagia orofaríngea, que se refere a problemas que ocorrem na fase inicial da deglutição, e disfagia esofágica, que ocorre quando há obstruções ou anormalidades no esôfago.

Identificação da Disfagia

A identificação da disfagia em idosos pode ser desafiadora, uma vez que os sintomas podem ser sutis. Os sinais comuns incluem:

  • Sensação de alimento preso na garganta.
  • Tosse ou engasgo durante as refeições.
  • Regurgitação de alimentos.
  • Mudanças na voz, como rouquidão ou gagueira após a deglutição.
  • Perda de peso inexplicada.
  • Evitar certos alimentos ou consistências.

É essencial que familiares e cuidadores estejam atentos a esses sinais e incentivem a busca por avaliação médica.

O Dr. Paulo Bedê destaca que “uma avaliação precoce pode prevenir complicações mais graves e melhorar a qualidade de vida do paciente”.

Riscos Associados

Os idosos com disfagia estão em risco de desenvolver várias complicações. Entre os principais riscos estão:

  1. Desnutrição: A dificuldade em engolir pode levar à redução da ingestão de alimentos, resultando em perda de peso e deficiências nutricionais.
  2. Desidratação: A aversão a líquidos pode aumentar o risco de desidratação, que é particularmente perigosa em idosos.
  3. Pneumonia por Aspiração: Alimentos ou líquidos podem entrar nas vias aéreas durante a deglutição, causando infecções pulmonares.
  4. Impacto Psicológico: A disfagia pode levar a uma redução na qualidade de vida, com ansiedade e depressão associados às dificuldades alimentares.

Diagnóstico e Exames

O diagnóstico da disfagia geralmente envolve uma combinação de avaliação clínica e exames específicos. O Dr. Bedê enfatiza a importância de um diagnóstico adequado, que pode incluir:

  • Anamnese: A coleta de informações detalhadas sobre os sintomas e o histórico médico do paciente.
  • Exame Físico: A avaliação da garganta e da capacidade de deglutição do paciente.
  • Videofluoroscopia da deglutição: Um exame radiológico que permite observar a passagem dos alimentos pela boca e pela faringe.
  • Videoendoscopia da deglutição: Um procedimento em que um tubo fino e flexível com uma câmera é inserido através da narina, visualizando a faringe e a laringe com o intuito de identificar obstruções ou anormalidades. Neste exame o médico oferece ao paciente um líquido preparado com espessante e corante para ser engolido, observando através da videoendoscopia todo seu trajeto até a deglutição completa.

A avaliação funcional da deglutição por meio da videoendoscopia tem como objetivo identificar distúrbios nas fases orais e, especialmente, faríngea da deglutição. É realizada por um médico otorrinolaringologista, utilizando um aparelho chamado nasofibroscópio flexível, sem o uso de anestesia para não afetar os reflexos da faringe e da laringe.

Este procedimento é indicado tanto para adultos quanto para crianças, especialmente para aqueles que sofrem de engasgos com saliva ou durante a alimentação, além de outras dificuldades alimentares, principalmente em casos de doenças neurológicas, neurodegenerativas, AVC, traqueostomia ou pneumonias recorrentes.

Tratamentos Disponíveis

O tratamento da disfagia depende da causa subjacente e pode variar amplamente. As opções incluem:

  1. Terapia de Deglutição: Um fonoaudiólogo pode ajudar a desenvolver técnicas para facilitar a deglutição e ensinar exercícios específicos.
  2. Mudanças na Dieta: A modificação da consistência dos alimentos (como purês ou líquidos espessados) pode ser recomendada para facilitar a ingestão.
  3. Medicamentos: Em alguns casos, medicamentos podem ser prescritos para tratar condições subjacentes, como refluxo gastroesofágico.
  4. Procedimentos Cirúrgicos: Em casos mais severos, pode ser necessária intervenção cirúrgica para corrigir anormalidades estruturais no esôfago.
  5. Suporte Nutricional: Para pacientes com dificuldade significativa de ingestão, a nutrição enteral ou parenteral pode ser necessária para garantir a ingestão adequada de nutrientes.

Novos Estudos e Pesquisas

Recentemente, estudos têm se concentrado em entender melhor as causas da disfagia e explorar novas abordagens de tratamento. Pesquisas em andamento investigam o papel da fisioterapia na reabilitação da deglutição, bem como a eficácia de novos dispositivos e técnicas de terapia.

O Dr. Bedê observa que “os avanços nas tecnologias de imagem e nas técnicas de reabilitação têm oferecido novas esperanças para pacientes com disfagia”.

Além disso, o impacto da disfagia na saúde mental dos idosos está ganhando atenção. Estudos recentes sugerem que o tratamento da disfagia pode ter um efeito positivo na qualidade de vida e no bem-estar emocional dos pacientes.

A disfagia é uma condição comum entre os idosos que pode levar a sérias complicações, mas com a identificação precoce e o tratamento adequado, a qualidade de vida dos pacientes pode ser significativamente melhorada. O papel de profissionais de saúde, como otorrinolaringologistas e fonoaudiólogos, é crucial para o diagnóstico e manejo dessa condição. Com os novos estudos e avanços no tratamento, há esperança de que a disfagia possa ser gerenciada de forma mais eficaz, proporcionando aos idosos a oportunidade de uma vida mais saudável e satisfatória.

A conscientização sobre a disfagia e seus riscos deve ser uma prioridade, não apenas para os profissionais de saúde, mas também para familiares e cuidadores, para que possam oferecer o suporte necessário aos seus entes queridos.


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